quarta-feira, 7 de julho de 2010

ESTAÇÕES DO FEMININO








Estações do feminino:


As estações do feminino, são o conjunto de fases ou estágio do desenvolvimento da energia feminina na psique. Existem muitos mitos e produções literárias que discorrem sobre o fluxo dessa energia e as formas que encontram de ação do mundo.

Muitas mulheres (assim como os homens), desconhecem a si mesmos, não identificam suas ações, não reconhecem suas conexões e desconexões entre pensamento, sentimento, intuição e sensação.

Para facilitar um espaço integrativo, propõe-se estar em contato com o que é possível sobre os momentos que vivemos. Buscar observa-se, identificar-se e deixar que fluam e não fiquem estagnados. Buscar dar sentido, significado, a si mesmo e as coisas e pessoas que nos rodeiam, realizar o processo de despertar a consciência.

As estações do ano, assim como os estágios da vida, atuam nessa esfera de identificação e movimento do fluxo de energia. O que permite caminhos de possibilidades para vivenciar diferentes aspectos. Experimentar outros lugares e conhecer novas alternativas.




A clássica representação mítica das estações do ano, é simbolizadas na personificação de Deméter (grega) ou Cibele (romana).
Deusa maternal da fertilidade, ocupa o centro dos mistérios iniciáticos dos Elêusis, que celebram o eterno recomeçar, o ciclo das mortes e renascimentos, no sentindo de uma espiritualização progressiva da matéria.

Deméter teve uma única filha, Perséfone, eram unidas por uma ternura sem igual.
Perséfone foi raptada por Hades o Deus dos Mortos que a levou consigo aos seus domínios subterrâneos e fez dela sua Rainha.



Deméter aflita com a falta de sua filha, confiou a Triptólemo, filho do rei Elêusis, uma espiga de milho. Triptólemo ficou encubido da tarefa de ensinar aos homens sobre a agricultura e repassar o conhecimento simbólico da busca de Deméter por sua querida Perséfone.




Deméter foi derrubando lágrimas, mudando sua expressão de vivacidade e contentamento para preocupação e angustia, pelo sofrimento da busca por alguém que não podia encontrar em outros domínios. Assim como ela sofria, sofria também toda a terra que perdeu suas folhas e secou pelo frio.

O Outono via-se pelas formas das lebres, das parras e cornucópis de abundância transbordantes de frutos. Era consagrado a Dionísio, o Deus do Vinho. O Outono é o período mais ameno, há sol durante o dia, mas há frio durante as noites. Há fases de exposição e de recolhimento intercaladas. Há momentos de discernimento entre o movimento e quietude das ações. É fase de colher o que foi investido e determinado nas ações de outros tempos. É o momento de preparação, de recolhimento da intensidade do Sol do verão, de forças e recursos para momentos posteriores. É aproveitar o hoje pensando nas reservas do amanhã.

O Inverno representado pela salamandra que escondia-se nas madeiras e saía viva do fogo das lareiras, o pato selvagem que sobrevive ao frio e as adversidades. Era consagrado ao Deus Hefestos, das artes, do fogo e dos metais. O Inverno exige que os homens tenham atividades prudentes, centradas, sem desperdícios e com reservas para que nada os falte e coloque em risco suas vidas. Exige criatividade e manuseio consciente das reservas. Coloca-nos mais em contato com nós mesmos, já que há menor intensidade da luz, nos resta aceitar melhor os potenciais das sombras e cuidar desse mundo interno escondido pela neve, para que haja renascimento do que é justo no próximo despertar.







Antes da germinação o grão permanece escondido na terra assim como Perséfone passou seis meses de outono e inverno no mundo subterrâneo junto a Hades. Esse período é importante para a terra que mesmo em sofrimento permite-se o descanso para recomposição.

Ao ver sua filha retornar das profudendezas pelas ordens de Zeus à Hades, Deméter se encheu de alegria e esplendor, sua felicidade tomou toda a terra de flores e cores e outros seis meses se passaram de primavera e de verão, Deméter e Perséfone na luz do Olímpo.

A Primavera já recebeu a forma de cordeiro, cabrito, arbusto, guirlandas de flores. Era consagrada ao Deus Mensageiro, Hermes. É o florescer do significado da vida no coração de Deméter com o retorno de Perséfone. É o contentamento, com a suavidade do clima que propicia o deslumbre do desabrochar das cores da natureza em tantas flores. É tempo de aproveitar as belezas e maravilhas que podem-se encontrar. Época de descobertas e renovações. É o tempo de apreciar os encantos de guardar na memória as cenas belas do encontro da natureza e o ser humano. De preparar a terra novamente verde para planos futuros.

O verão via-se pelas formas do dragão cuspindo fogo, do trigo dourado e pela foice. Era ofertado ao Deus Sol Apolo. O verão com toda a força e esplendor, o vigor e intensidade do auge da luminosidade do Sol. Muitas vezes a força tamanha assume formas menos generosas como a de dragão ou de grandes secas, mas também é tempo de o trigo dourado ser ceifado. De Deméter luminosa de grande contentamento, usar todo o tempo possível para realizar suas vontades ao lado de sua filha. É tempo de ação, momento de agir as claras e com determinação. Momento de efetuar com clareza as ações e desfrutar da empolgação e vivacidade que a luminosidade do Sol nos proporciona.









As estações do ano correspondem as fases de Deméter na presença e ausência de sua filha. Sendo a alternância entre a vida e morte, marcando o ritmo da existência na terra cultivada. Os ritos de iniciação Elêusis evocam a fecundidade da união sexual para garantir uma regeneração e felicidade no Além.

Como nota-se a evolução psíquica é decorrente da apropriação da energia tanto masculina como feminina. A integração desses diversos aspectos à consciência se dá pela experimentação de situações que permeiam o desenvolvimento da vida. Desde a união física que proporciona a geração de uma nova vida até os meios femininos e masculinos vistos presentes nas diversas instâncias do dia a dia, como as leis a ordem, as demonstrações de afeto e cuidados diversos, até as grandes instituições com a família e sociedade.

A representação das estações passam pelas instâncias masculinas e femininas. Mesmo sendo ofertada ao masculino passam pela energia do feminino com primeira condição para a integração.

A sucessão das estações, assim como a das fase da lua, marca o ritmo da vida, as etapas do ciclo de desenvolvimento: nascimento, formação, maturidade, declínio. Assim como acontece aos humanos, suas sociedades e civilizações.



Ilustra também o mito do eterno retorno. Simboliza a alternância cíclica e os perpétuos reinícios.É a cada amanhecer cíclico do sol, que temos mais uma chance de um reinício. Cada nascer do sol traz o germe do despontar da consciência. A cada respiração sente-se a presença das possibilidades de ser o reinício a cada instante.






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