Espaços Sagrados: Dança do Ventre -Terapêutica?

Dança do Ventre... Terapêutica?

Uma modalidade de dança que trabalha diretamente com a expressão do feminino.

Para tanto se aprofunda na prática dos conhecimentos orientais da Yoga e da Dança do ventre, assim como nas práticas ocidentais da arte e corpo do ponto de vista terapêutico.

Dados incertos nas datas da história mostram que a dança do ventre, no princípio de suas raízes era voltada unicamente as mulheres. Praticada principalmente nos momentos de adoração em templos e ao ar livre em reuniões para mulheres. Eram os movimentos da dança facilitadores para a compreensão da vontade divina e o elo entre a natureza, a mulher, as deusas e deuses.

A dança conectava a mulher ao seu corpo, ao cosmo e ao divino. Tinha a finalidade de unir e trazer consciência do seu papel na fé, na sociedade, e no ser feminino.

As reuniões giravam em torno das situações cotidianas e assim como dos eventos especiais marcantes na vida de uma mulher. E claro às oferendas aos deuses.

A dança era algo comum e excepcional. Comum, pois dificilmente as mulheres não a conheciam, já que era a prática ordinária da época. Excepcional, pois tinha seus momentos de êxtase interno no qual a grande conexão entre si mesmo e o mundo era estabelecida e mantida.

Havia também momentos onde a dança se interrelacionava num espaço político, onde os detentores de poder, os reis, notavam as danças que lhes eram ofertadas e encantavam-se com os movimentos das bailarinas, que ganhavam o direito de pedir o que quisessem, já que haviam despertado os encantos do rei.

Hoje a dança do ventre é tida como entretenimento, como um show de sensualidade. O que a afasta de suas origens e seus propósitos originais, que eram a consciência e a ligação do ser feminino.

Não há como negar a imagem moderna, assim como não há negação da imagem primitiva.

O que torna a dança terapêutica é o significado que ela passa a receber. O significado que as próprias participantes vão atribuindo ao decorrer do tempo.

Os benefícios posturais de expansão da caixa torácica, maior facilidade de manter a coluna ereta são sentidos com a prática. E a consciência corporal é um presente das horas de dedicação a si mesma, no fazer, no realizar os movimentos, no buscar significados e acolher os símbolos que chegam pelas imagens arquetípicas que nos permeiam.

É terapêutica no foco do trabalho, na busca de conectar-se e significar-se pelo que se é, e pelo que se pratica. Cada movimento pode proporcionar muito mais conteúdo do que a simples beleza estética. A entrega a este fazer, ajuda a compreender o corpo, respeitar seus limites, aprender a perceber, notar as facilidades e dificuldades. O caminho do contato profundo com o corpo gera novas possibilidades e formas de agir nos cuidados consigo mesma.

É um retorno as origens dos propósitos da dança do ventre. Integração, auto-conhecimento, expansão da consciência, apropriação dos movimentos e seus significados.

Nos dias atuais, claro a prática é fundamentada em estudos formais e concretos. É baseada na sabedoria de milênios do Yoga. Como base de preparação do corpo e da consciência. É desenvolvida nos movimentos da dança do ventre como veículo para o contato direto com a energia feminina e suas expressões simbólicas. E concluída com a materialização do que pode ser experiênciado pela concretização do fazer artístico em diversos canais expressivos.

O que é experiênciado e significado, nunca é um fazer vazio. É o momento que a plenitude do ser se manifesta. É onde a vida ganha seus coloridos, suas formas e contornos. São novas oportunidades de resignificar marcas antigas e dar a elas novas chances. E a si mesma de novos reinícios.

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